terça-feira, 27 de julho de 2010

SC: à mercê das mudanças climáticas

De 1980 a 2003, o Estado de Santa Catarina registrou 3.375 decretações municipais de situação de emergência em função de eventos climáticos extremos que atingiram 288 dos 293 municípios. Isto significa que, direta ou indiretamente, quase que a totalidade dos catarinenses já sentiu os efeitos devastadores do clima.
Inundações graduais, inundações bruscas, enxurradas, vendavais, tornados, estiagem, dentre outros, compõem o extenso cardápio de fenômenos que comumente assolam nosso território. Os fatores de influência já são bem conhecidos. Os seus efeitos, como destruições em massa, mortes e prejuízos milionários, também.
O que ainda falta sedimentar-se no poder público e na população catarinense é a cultura da prevenção de desastres ambientais, traduzida na canalização de recursos para a melhoria do sistema de drenagem e coleta de esgoto; e incremento dos cursos e programas de preparação de voluntários civis e sistemas de alerta a respeito de eventos próximos.
Há décadas, Santa Catarina figura entre os piores estados da federação em cobertura de coleta de esgoto. Segundo aponta o WWF, apenas 18% das residências possuem o sistema adequado. Esta deficiência está diretamente ligada ao caos que chuvas um pouco acima do normal costumam instalar em nossas cidades.
Na outra ponta, o campo, com pequenas propriedades rurais familiares e municípios com forte dependência dos recursos estaduais e federais, se vê sem condições de prevenir ou amenizar a fúria da mãe natureza. Por isso, enquanto que para as cidades a coleta de esgoto, os cursos e sistemas de alertas são fundamentais, para o campo, o são as obras estruturais como a drenagem de rios, a adequada destinação de resíduos orgânicos e a criação de um programa urgente de recomposição da mata ciliar, dentro dos padrões estabelecidos pelo novo Código Ambiental, o qual tive a honra de ajudar a criar e que, ressalte-se, já está valendo. Foi um grande passo. Agora, precisamos inocular essa cultura preventiva e de ações coordenadas entre as lideranças e a população de Santa Catarina. Assim, vidas e sonhos também serão preservados.

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